segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Com Nossa Senhora Aparecida também padroeiro do Brasil

Famoso por suas terríveis penitências, nasceu em 1499 na comunidade espanhola de Alcântara. Seu pai era governador da região e sua mãe era de muito boa família. Ambos se distinguiam por sua grande piedade e seu excelente comportamento. Estando estudando na universidade de Salamanca, o santo se entusiasmou pela vida dos franciscanos devido a que os considerava pessoas muito desprendidas do material e muito dedicadas à vida espiritual. Pediu ser admitido como franciscano e elegeu para viver no convento onde estavam os religiosos mais observantes e estritos dessa comunidade. No noviciado o puseram de porteiro, hortelão, varredor e cozinheiro. Mas neste último ofício sofria freqüentes repreensões por ser bastante distraído. Chegou a mortificar-se tão asperamente no comer e o beber que perdeu o sentido do paladar e assim todos os mantimentos lhe pareciam iguais. Dormia sobre um duro couro no puro chão. Passava horas e horas de joelhos, e se o cansaço lhe chegava, apoiava a cabeça sobre um prego na parede e assim dormia alguns minutos, ajoelhado. Passava noites inteiras sem dormir nem um minuto, rezando e meditando. Por isso foi eleito protetor dos zeladores e guardas noturnos. Com o tempo foi diminuindo estas terríveis mortificações porque viu que lhe arruinavam sua saúde.
Foi nomeado superior de vários conventos e sempre era um modelo para todos seus súditos quanto ao cumprimento exato dos regulamentos da comunidade. Mas o trabalho no qual mais êxitos obtinha era o da pregação. Deus lhe tinha dado a graça de comover os ouvintes, e muitas vezes bastava apenas sua presença para que muitos começassem a deixar sua vida cheia de vícios e começassem uma vida virtuosa. Preferia sempre os auditórios de gente pobre, porque lhe parecia que eram os que mais vontade tinham de converter-se. Pediu a seus superiores que o enviassem ao convento mais solitário que tivesse a comunidade. Mandaram-no ao convento de Marisco, em terrenos desabitados, e lá compôs um formoso livro a respeito da oração, que foi extremamente estimado pela Santa Teresa e São Francisco de Sales, e foi traduzido a muitos idiomas.
Desejando São Pedro de Alcântara que os religiosos fossem mais mortificados e se dedicassem por mais tempo à oração e a meditação, fundou um novo ramo de franciscanos, chamados de "estrita observância". O Supremo Pontífice aprovou tal congregação e logo houve em muitos lugares, conventos dedicados a levar a santidade a seus religiosos por meio de uma vida de grande penitência. Os últimos anos de sua vida os dedicou a ajudar a Santa Teresa à fundação da comunidade de Irmãs Carmelitas que ela tinha baseado, obtendo muitos êxitos na extensão da comunidade carmelita.

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Fonte: http://www.acidigital.com/santos/santo.php?n=117

sábado, 10 de outubro de 2009

O que é mesmo a verdade?

O que angustia o ser humano? A busca da verdade ou descoberta dela? É sabido que não podemos responder a essas questões somente com alguns parágrafos de reflexão, haja vista que temos ao longo dos séculos tratados e mais tratados acerca da verdade. O nosso foco aqui não é a verdade enquanto tal, mas o nosso comportamento diante dela. Sendo assim, a verdade em nível de filosofia e de teologia não é uma certeza matemática ou o resultado de uma experimentação científica. Ela é um encontro com algo maior que provoca mudanças radicais no interior do ser humano.
Quem procura a verdade ou vive a verdade a modo de ciência um dia se cansa dela, pois a verdade na ciência somente tem validade enquanto não surge um novo problema. É sabido também que os muitos problemas que o homem pós-moderno enfrenta não diz respeito diretamente a busca da verdade, mas ao comportamento diante de uma pseudo-verdade criada a sua imagem e semelhança; daí a dificuldade de falar de transcendência, de metafísica, da existência de Deus... procuramos “as verdades” que nos convém, que atendam aos nosso interesses pessoais, sejam eles econômicos, psíquicos, políticos, religiosos, etc. Porém, as implicações que a “verdade verdadeira” propõe nos causa medo, isto é, nos ausenta das responsabilidades porque temos medo de encará-las de frente, face a face - num tu-a-tu, que nasce dum encontro apaixonante.
Com certeza se seguíssemos os conselhos do bem-aventurado frei Egidio de Assis descobriríamos que o “difícil não é entrar na côrte, mas permanecer nela”. A côrte exige alguns comportamentos diferentes dos lugares comuns cotidianamente por nós freqüentados. A verdade é a morada do rei, a saber, a corte. E somente quem tem espírito de nobreza, consegue viver na verdade, e nisso os pobres e os marginalizados da pós-modernidade são exemplos de nobreza, pois não habitam nas pseudos verdades e, suas côrtes, não são iguais a côrte dos homens pós-modernos que se escondem nos condomínios de luxo fechados com medo de encarar a verdade como ela aparece, na factualidade existencial.
O que de fato a verdade?
Poema: Teresa
A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
(Manuel Bandeira)
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Escrito por frei Arnaldo Aragão OfmConv.

domingo, 4 de outubro de 2009

DIA DE FESTA E REVISÃO DE VIDA - SÃO FRANCISCO NOSSO PAI

SÃO FRANCISCO DE ASSIS

MESTRE DO AMOR E DA LIBERDADE
PATRONO DOS QUE AMAM A JUSTIÇA
IRMÃO DOS QUE VIVEM NA BONDADE

QUERIDO PAI, ABENÇOE ESTES VOSSOS FILHOS PARA QUE SEJAMOS FIÉIS NO SERVIÇO DE CRISTO NO MUNDO.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A complexidade da formação literária da Bíblia: parte 1

Tentativa de resposta às questões feitas na postagem anônima do dia 1 de setembro de 2009

Qual sua opinião sobre a exatidão e veracidade das escrituras, podem elas terem sido adaptadas para algum tipo de convencionalismo, pq textos selecionados? O povo deve permanecer na ignorância por vontade do homem?

“Diversamente do islamismo, o cristianismo não constitui religião do livro. Para o surgimento de uma coleção de escritos santos, tidos como inspirados e canônicos contribuíram antes apenas razões sugeridas pelo seu processo e sua situação: além do impulso interno para automanifestar-se socialmente (paralelamente com a hierarquia e constituição de Igreja), a crescente distância concernente aos fundadores, a atitude missionária, o modelo anterior dos escritos do Antigo Testamento e, não em último lugar, a necessidade apologética. Uma vez que já bem cedo adveio o fenômeno de escritos paralelos, concorrentes e imitativos, já no decurso do processo de surgimento propô-se o problema da delimitação (cânon) e apreciação de seu valor, como também de sua exploração metódica, de sua interpretação teológica e, não em último lugar, de sua classificação literária.”[1]
Os textos são selecionados não para obedecer a uma ideologia constituída, mas exatamente porque obtiveram aceitação na Igreja. Quando se diz Igreja quer se afirmar a comunhão popular de todos os membros. O que aconteceu posteriormente foi uma canonização dos livros por parte da “hierarquia” e também exegetas competentes, ou seja, foram adotados como livros inspirados por Deus. Afirma o mesmo dicionário de teologia supracitado: “Como texto, a Escritura, como toda expressão literária, requer, durante o seu surgimento (2 Pd 3,16), recepção inicial. Contudo, distingue-se ela do caso normal pelo fato de que o seu leitor primário não é o destinatário individual, mas a Igreja. Somente por sua “leitura” é que a Escritura ganha sua plena realidade atual. Somente assim é que se pode entender que a Igreja decide não só com autoridade exterior, mas também por competência interna, sobre a abrangência, qualidade e dignidade da Escritura, mas sobretudo sobre o seu sentido.”[2]
MDT
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[1] EICHER, Peter (org.). Dicionário de conceitos fundamentais de teologia. São Paulo: Paulus. 1993. p. 235
[2] Id. Ibid., p. 236

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A vocação franciscana - parte III: Origem do nome "Frades Menores" A minoridade Franciscana (Continuação)

É certo que em Assis, como no resto da Itália, existiam duas classes sociais, os menores ou classe urbana, a qual ele pertencia, e os maiores ou nobres, a qual ele aspirava pertencer. Mas nada, nem em seus escritos nem nas demais fontes, dá a entender que fosse assim; antes disso, escolheu o caminho da minoridade evangélica, como se quisesse dar uma lição não somente nos maiores e poderosos, mas também nos que, chamados menores, aspiravam, pela riqueza e poder, colocar-se a altura da classe feudal dominante. Disse frei Tomás de Celano que Francisco elegeu o nome de Menores ao rever a Regra que ele mesmo havia redigido, onde se dizia: "Os irmãos sejam menores". Foi então que exclamou: "Quero que esta fraternidade se chame Ordem dos Frades Menores". Com efeito, em vários capítulos da Regra de 1221, que parecem remontar-se ao texto primitivo, aparece o termo menores, sempre com uma indiscutível raiz evangélica. No capítulo 5º se lê: " Nenhum irmão tenha poder ou domínio, e menos entre eles; pois, como diz o Senhor no evangelho; 'Os comandantes dos povos os dominam e os que são maiores exercem poder sobre eles'. Não será assim entre os irmãos. Todo aquele que quer ser maior entre eles seja seu ministro e servo; e o que quer ser o maior entre eles, que seja o menor. E nenhum irmão cause dano ou fale mal de outro, mas, pela caridade do espírito, sirvam e obedeçam uns aos outros de boa vontade. E esta é a verdadeira e santa obediência de Nosso Senhor Jesus Cristo".
Nos capítulos 6º e 7º está escrito: "A ninguém se chame de prior, mas todos, sem exceção se chamem de frades menores. E lavem os pés uns dos outros... Os irmãos, onde quer que se encontrem, servindo ou trabalhando em casas de outros, não sejam secretários nem estejam à frente deles nem aceitem nenhum ofício que provoque escândalo ou cause dano a sua alma; mas sejam menores e sejam submissos a todos os que vivem na mesma casa".
Também se conta que Francisco incluiu o nome de menores na regra por revelação divina, porque quis fundamentar-se a si mesmo e a sua família sobre a rocha firme da humildade e pobreza do Filho de Deus. Um testemunho pouco conhecido de frei Gil o explica deste modo: "Dizer 'frade menor' é como dizer 'estar aos pés de todos'. Quanto maior seja a humilhação, maior será a exaltação. Por isso São Francisco dizia que o Senhor lhe havia revelado que deviam chamar-se 'Frades Menores'". A essa revelação se referia seguramente quando dizia a seus íntimos: " A Ordem dos Frades Menores é um pequeno rebanho que o Filho de Deus pediu ao Pai nestes últimos tempos, dizendo: 'Pai, quisera que me desses um povo novo e humilde que se distinga, por sua humildade e pobreza, de todos os que o tem precedido, e se conforme com ter somente a mim'. E o Pai lhe concedeu. Por isso quis o Senhor que se chamem Menores, pois eles são esse povo que o Filho de Deus pediu ao Pai e do qual diz o evangelho: 'Não temais, meu pequeno rebanho, pois o Pai tem se comprometido em dar-lhes o reino'. E também: 'O que fizestes a um destes meus irmãos menores, a mim mesmo fizestes'.
Quando o Senhor falou assim, se referia, sem dúvida, a todos os pobres de espírito, mas, principalmente, predisse o nascimento em sua Igreja da Ordem dos Frades Menores". Em outra ocasião dirá: "Deus quis que se chamassem Frades Menores porque devem mostrar-se inferiores e mais humildes e pobres, pela humildade de coração, nas palavras, em obras e no hábito; e nunca pretendam ser maiores na Igreja, mas peçam e permaneçam sempre na maior e mais profunda humildade".
Minoridade, portanto, como sinônimo de humildade, em seu mais pleno sentido. Assim o reconhece, por exemplo, Tomás de Celano quando escreve: "Certamente, eram frades menores aqueles que, submissos a todos, buscavam sempre o último lugar e tratavam de trabalhar nos ofícios que tinham alguma aparência de desonra, a fim de que, fundados na verdadeira humildade, merecessem ser edificados perfeitamente no edifício espiritual de todas as virtudes".
São Boaventura é do mesmo parecer: "Francisco, exemplo de humildade, quis que os irmãos se chamassem menores, e os superiores de sua Ordem, ministros (servos), para usar as mesmas palavras do evangelho, cuja observância havia prometido, para que seus discípulos se dessem conta de que tinham vindo à escola de Cristo humilde para aprender a humildade". E o bispo Jacques de Vitry, que conheceu pessoalmente a Francisco e seus companheiros, em fevereiro de 1220, em vida do santo, escreveu: "Esta é a Ordem dos verdadeiros pobres do crucificado, que é também Ordem de Pregadores, os chamados Frades Menores. Por certo, menores e mais humildes que todos os religiosos deste tempo, no hábito, na nudez e no desprezo do mundo".
Por último, como dado de curiosidade, Ângelo Clareno assegura que Francisco não quis que sua família religiosa se chamasse Ordem, mas "Vida" dos Menores. Ignoramos de onde tirou esta notícia, mas o certo é que nas versões conhecidas da Regra, e em todos os seus escritos, nunca aparece a palavra Ordem, mas Religião, Fraternidade ou Vida, como quando diz: "Esta é a vida do Evangelho", "Esta é a regra e vida dos Frades Menores", "Se alguém quiser abraçar esta vida"...
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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A vocação franciscana - parte III: Origem do nome "Frades Menores" A minoridade Franciscana

Antes da aprovação da Regra, o grupo de frades de Rivotorto não tinha uma denominação específica e se apresentava simplesmente como "Penitentes de Assis", porque ainda não eram uma Ordem. Somente depois da aprovação da Regra ou forma de vida por parte de Inocêncio III começaram a chamar-se Frades Menores, mas graças ao testemunho do cronista Buscardo de Ursperg sabemos que no princípio se chamavam Pobres Menores, em sintonia com outros movimentos de seu tempo, heréticos ou não, que se chamavam Pobres de Lion, Pobres Lombardos, Pobres católicos, etc. Tal relação com outros grupos religiosos contemporâneos não é de se estranhar: Francisco, ainda que dirigido e orientado sempre por inspiração divina, nunca viveu a mercê das inquietudes de seus contemporâneos, nem seu projeto de vida foi alheio aos novos projetos de vida religiosa que se deflagrava ao seu redor. Basta comparar seu ideal de pobreza, itinerância, pregação da penitência e demais práticas evangélicas e apostólicas para comprovar que não era diferente dos demais grupos. Portanto, a originalidade franciscana não está ali, mas na radicalidade de vida, que superou a todos, na catolicidade insubornável e, sobretudo, no modo humilde e serviçal -minoridade- com que se apresentava ante os demais. Para salvaguardar a humildade do grupo foi que o santo substituiu em seguida o nome de Pobres pelo de Frades, como refere o mesmo Buscardo de Ursperg ao descrever seu estilo de vida; "Estes -os menores- ao contrário daqueles (os pobres lombardos): andavam realmente descalços, tanto no verão como no inverno, e não recebiam dinheiro nem outras coisas, salvo o alimento ou, todo o mais, a roupa necessária, se alguém lhes desse espontaneamente, pois nada pediam a ninguém. Eles mesmos, andando no mundo, ao se dar conta de que as vezes a fama de muita humildade pode levar a vanglória e de envaidecer-se diante de Deus por motivo de pobreza, como ocorre com muitos, preferiram chamar-se Frades Menores, em vez de Pobres Menores, submetidos totalmente à Sé apostólica". AoSubmeter-se totalmente à Sé apostólica, Francisco impediu que sua Ordem tropeçasse na mesma pedra que outros contemporâneos seus, caindo na arrogância e na vanglória. Não aconteceu isso por graça de Deus e porque o bispo de Assis Guido I teve suficiente sabedoria desde o princípio para evitar esse desastre. O mesmo Santo se mostrava agradecido, quando dizia aos seus irmãos: "O Senhor nos enviou para propagar a sua fé e dos prelados e clérigos de nossa Santa Mãe Igreja. Por isso, devemos, na medida do possível, amá-los sempre e honrá-los e respeitá-los. Os irmãos se chamem Menores porque, como no nome, também sejam humildes pela conduta e exemplo com todos os homens deste mundo. Porque no princípio de minha conversão, quando me separei de meu pai carnal e do mundo, o Senhor pôs suas palavras na boca do bispo de Assis para dar-me conselho e ânimo no serviço de Cristo. Por essa razão e por outras muitas qualidades eminentes que aprecio nos prelados, quero amá-los, venerá-los e tê-los como meus senhores; e não somente aos bispos, mas também aos sacerdotes pobrezinhos". Como diziam seus companheiros, Francisco, com a ajuda de Deus e como sábio arquiteto, se fundamentou a si mesmo e a sua Ordem sobre a rocha firme, quer dizer, sobre a altíssima pobreza e humildade do Filho de Deus, chamando-a "Religião dos Frades Menores".Muito se tem escrito sobre a eleição desse título, mas tem que se descartar absolutamente que tivesse que ver com uma opção de classes.
Continua...
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Do endereço http://www.vocacoes.com.br/l_ofm.htm#1