Paz e bem a todos
A partir de hoje, numa seqüência de três partes, nos enriqueceremos com as palavras do professor Renold Blank. A publicação foi gentilmente autorizada pelo autor.
A partir de hoje, numa seqüência de três partes, nos enriqueceremos com as palavras do professor Renold Blank. A publicação foi gentilmente autorizada pelo autor.
A aventura com Deus, iniciada na dúvida e sob protesto. Certamente nada de grandes iluminações, nada de vozes no sonho. Nem hoje, nem naquele tempo, no século 17 aC , quando um homem parte e com todo seu clã deixa a saturada tranqüilidade de uma riqueza bem adquirida.
Fala-se de Ur na Caldéia.
Nas pastagens junto ao Eufrates ou no escritório da construtora BBC. Nenhuma provável aparição, nem aqui nem lá; e nenhuma voz no sonho, apesar da bela história. Mas, um dia, um homem se faz no caminho, apesar de todas as resistências. E apesar dos protestos das filhas e dos genros.
E se for perguntado para onde vai, não sabe responder.
Mas parte porque Deus o chamou. Porque não lhe deixou descanso, talvez durante anos, enquanto estava sentado diante de sua tenda ou na varanda da casa alugada e sonhava ao pôr-do-sol.
É isso espantoso nessa figura, sobre a qual os estudiosos da Bíblia e os historiadores da civilização ainda hoje continuam a discutir. O que ela encerra não se deixa enquadrar no curso secular dos fatos administrados entre nascimento e morte. Em meio à segurança de um país rico e próspero irrompe um perturbador, que não quer calar e não quer ouvir os argumentos da razão e as objeções dos genros; e esse perturbador é Deus. Já no começo da história da sua ação com os homens, esse Deus aparece como alguém que perturba o descanso.
O descanso de Abraão diante de sua tenda e o dos turistas fotógrafos: o Deus desconhecido, em gótico ou renascentista, concreto armado do fim do século XX ou tijolos nas capelas das fazendas dos latifundiários do Peru, na Argentina e no Brasil. Os sem-terra são enxotados com polícia e cães, e, se o padre não quiser mais rezar a missa, também terá de fugir.
E para dentro dessa realidade Deus lança o seu chamado e começa com o homem uma aventura cujo fim não é previsível. Sobretudo para o envolvido. Talvez esteja aqui o caráter perpetuamente intrigante da história de Abraão. Este Deus revela-se um Deus que age. Um Deus que toma a iniciativa a despeito do bom senso da argumentação lógica, a despeito também das filhas o dos genros, que provavelmente devem ter murmurado entre si contra o velho, “mania de velho”, “agora totalmente caduco”, naqueles dias de partida, cochichando pelos cantos da casa.
O velho não se deixou desviar, e nisso está a grandeza que o transformou em protótipo de todos aqueles que tem fé.
Partida rumo ao desconhecido.
Partida rumo a novas margens, mesmo que essas margens ainda sejam desconhecidas.
Partida, simplesmente seguindo a palavra de um Deus que chama e vocaciona.
Fala-se de Ur na Caldéia.
Nas pastagens junto ao Eufrates ou no escritório da construtora BBC. Nenhuma provável aparição, nem aqui nem lá; e nenhuma voz no sonho, apesar da bela história. Mas, um dia, um homem se faz no caminho, apesar de todas as resistências. E apesar dos protestos das filhas e dos genros.
E se for perguntado para onde vai, não sabe responder.
Mas parte porque Deus o chamou. Porque não lhe deixou descanso, talvez durante anos, enquanto estava sentado diante de sua tenda ou na varanda da casa alugada e sonhava ao pôr-do-sol.
É isso espantoso nessa figura, sobre a qual os estudiosos da Bíblia e os historiadores da civilização ainda hoje continuam a discutir. O que ela encerra não se deixa enquadrar no curso secular dos fatos administrados entre nascimento e morte. Em meio à segurança de um país rico e próspero irrompe um perturbador, que não quer calar e não quer ouvir os argumentos da razão e as objeções dos genros; e esse perturbador é Deus. Já no começo da história da sua ação com os homens, esse Deus aparece como alguém que perturba o descanso.
O descanso de Abraão diante de sua tenda e o dos turistas fotógrafos: o Deus desconhecido, em gótico ou renascentista, concreto armado do fim do século XX ou tijolos nas capelas das fazendas dos latifundiários do Peru, na Argentina e no Brasil. Os sem-terra são enxotados com polícia e cães, e, se o padre não quiser mais rezar a missa, também terá de fugir.
E para dentro dessa realidade Deus lança o seu chamado e começa com o homem uma aventura cujo fim não é previsível. Sobretudo para o envolvido. Talvez esteja aqui o caráter perpetuamente intrigante da história de Abraão. Este Deus revela-se um Deus que age. Um Deus que toma a iniciativa a despeito do bom senso da argumentação lógica, a despeito também das filhas o dos genros, que provavelmente devem ter murmurado entre si contra o velho, “mania de velho”, “agora totalmente caduco”, naqueles dias de partida, cochichando pelos cantos da casa.
O velho não se deixou desviar, e nisso está a grandeza que o transformou em protótipo de todos aqueles que tem fé.
Partida rumo ao desconhecido.
Partida rumo a novas margens, mesmo que essas margens ainda sejam desconhecidas.
Partida, simplesmente seguindo a palavra de um Deus que chama e vocaciona.
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Renold Blank: Deus: uma proposta alternativa. Paulus: 1999. Adaptação das pgs. 18-29
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