sábado, 23 de outubro de 2010

Discípulo missionário em busca do sentido da vida

Do sentido vive o ser humano. Qualquer pessoa, de qualquer nacionalidade, seja qual idade estiver, está a “mendigar” um sentido profundo para a vida. Do ver a luz pela primeira vez ao fechar último dos olhos estamos buscando.
A nossa fé, ensinada por Jesus e tornada mandato para difusão a todo o mundo, está plenamente envolvida desta intenção: ser sentido para o humano e o sentido mais profundo, pois deixamos de lado a epidérmica compreensão da vida para ir ao fundo da existência. Em Jesus temos uma certeza: Deus está presente junto a nós em nossa vida, caminha conosco, faz história na nossa história pessoal e social.
Mas não podemos dizer isso apenas como uma notícia de jornal. Temos que sentir na carne que Deus, o Senhor que me dá a vida, e não coisas simplesmente, este nosso Deus que se dá a si mesmo, sem medo do que faremos com Ele, suplica de todos nós humanos uma disposição de arriscar-se Nele, deixar tudo, segui-Lo num amor sem condições.
Estes tempos em que vivemos, o mundo (as pessoas) precisamos de cristãos que dêem um grande testemunho de amor por Deus-Amor. Seremos significativos para a sociedade de hoje na medida em que não medirmos esforços na luta pela implantação do Reino de Deus no meio dos homens.
Mas para isso precisamos de uma compreensão profunda do Reino. A preocupação central de Jesus em seu ministério foi a difusão do Reino. Essa é a expressão correta: DIFUSÃO DO REINO DE DEUS. Então, em que consiste o Reino: segundo o Evangelho é o mundo transformado pela vivência concreta da justiça, numa vida impregnada pelo sentido do amor que distribui igualitariamente todos os bens da terra a todos os homens. Tudo isso é u-topia (não-lugar, significado desta palavra)? Resposta: NÃO! Isso é nossa missão como cristãos, de continuar, como mandato, o que Jesus começou. O Reino de Deus NÃO É algo que devemos esperar para o futuro, mas é realidade que tem que acontecer já, pois “o Reino de Deus, como disse Jesus, está em vosso meio.” O Reino não constitui um território, mas o modo de atuar de Deus, mediante o qual se faz senhor sobre toda a sua criação. Reino de Deus é o sentido das coisas, de tudo e do todo voltado para Deus (Boff).
Isso cobre de sentido a vida das pessoas, pois não é apenas esforço para mudar o exterior, mas empenho de mudar-se a si mesmo conjuntamente: mudar toda vida, desde o interior, que assim, se difundirá na vida das pessoas todas.
Deus quer participar de nossa vida, para isso basta que arrebentemos a tranca que fecha a porta da nossa vida e deixemos que Ele arme em nós sua tenda (Jo 1). Daí sim saberemos o que é felicidade, o que é vida rica de sentido, o que é deixar tudo para seguir o mestre Jesus...
Avancemos, pois como afirmou São Francisco no final de sua vida, é preciso começar, pois até agora pouco ou nada fizemos! CORAGEM!
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MDT

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Uma animação vocacional que forma discípulos missionários


(Documento de preparação ao 3º Congresso Vocacional do Brasil 2010)
Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada - CNBB

87. A vocação ao discipulado missionário é convocação à comunhão em sua Igreja. No processo de formação dos discípulos missio­nários de Jesus Cristo um lugar particular tem a pastoral vocacio­nal que acompanha cuidadosamente todos os que o Senhor chama a servir à Igreja no sacerdócio, na vida consagrada ou no estado laical. Diz Aparecida que este serviço vocacional é responsabi­lidade de todo o povo de Deus. Inicia na família, continua na co­munidade cristã, dirige-se às crianças e especialmente aos jovens. Finalidade dessa pastoral é ajudar a descobrir o sentido da vida e o projeto que Deus tem para cada um, acompanhando-os em seu processo de discernimento.

88. O Documento de Aparecida contempla os elementos fundamen­tais do serviço de animação vocacional, como o entendemos hoje, a saber:

1) responsabilidade de toda a Igreja, o povo de Deus;
2) integrada na pastoral ordinária, de conjunto e orgânica;
3) a dimensão eclesial e específica da vocação dos discípulos missionários a par­tir do Batismo e do sacerdócio comum (ministros ordenados, vida consagrada, cristãos leigos e leigas);
4) o ambiente propício para o flo­rescimento da vocação, a família e a comunidade cristã, completa­do pela escola católica e demais instituições eclesiais;
5) os interlocu­tores imediatos da animação vocacional, as crianças e os jovens;
6) a necessidade de um processo de acompanhamento e discernimento;
7) e a mesma natureza da animação vocacional, que consiste em aju­dar a descobrir o sentido da vida, a vocação, no projeto que Deus tem para cada um.

91. Discípulo é aquele que se coloca a caminho no seguimento de um mestre, aprendendo dele e condividindo com ele ideais e projetos de vida. Na perspectiva da fé cristã o discipulado consiste em se­guir uma pessoa porque se ama, completada sempre com a missão. Por isso que todo discípulo é missionário. O discípulo é alguém chamado por Jesus Cristo para com ele conviver, participar de sua Vida, unir-se à sua Pessoa e aderir à sua missão, colaborando com ela. Na Igreja, os discípulos missionários têm vocações específi­cas (vida leiga, vida consagrada e o sacerdócio ministerial) e são chamados ao fiel cumprimento de sua vocação batismal. De fato a condição do discípulo brota de Jesus Cristo como de sua fonte, pela fé e pelo batismo, e cresce na Igreja, comunidade onde todos os seus membros adquirem igual dignidade e participam de diversos ministérios e carismas. Desse modo, realiza-se na Igreja a forma própria e específica de viver a santidade batismal a serviço do Reino de Deus.

domingo, 3 de outubro de 2010

A vocação de nosso Irmão Francisco, da cidade de Assis

Estamos a adentrar o mês das missões, e logo no seu início, no dia 04 de outubro, vamos celebrar a solenidade deste grande homem da história da humanidade chamado Francisco. E nossa paróquia da Exaltação da Santa Cruz, por ser de tradição franciscana não pode deixar de festejar esse nosso grande amigo, amante do Crucificado.
Nascido no vale da Úmbria, na cidade de Assis, ele levou vida bastante “folgada” na juventude. Era filho de mercadores de panos. Sua família, ascendente no que diz respeito à questão econômica e conseqüentemente social devido à irrupção da comuna e queda do feudalismo, pela qual sua família conheceu grande prosperidade. Francisco auxiliava seu pai Bernardone no comércio dos panos, e por isso desenvolveu boa habilidade com relação aos dotes para comercializar.
Quando alcançou a juventude quis tornar-se cavaleiro e por isso armou-se magnificamente, como um grande príncipe, para assim alcançar status social e reconhecimento. Conta a Legenda dos Três companheiros que o animado jovem alistou-se no exército de um tal conde Gentil, ou Gualter de Briene, e partiu para Apúlia. Aqui começa a “saga religiosa” deste homem que durará até o fim de sua vida. Após certa visão, entrega toda sua indumentária a um pobre cavaleiro. Em Espoleto sentiu-se adoentar. No sono escuta alguém lhe perguntar: “Francisco, quem te pode fazer melhor? O senhor ou o servo?” O qual ele respondeu “o Senhor”. “Então, porque deixas o Senhor pelo servo e o príncipe pelo vassalo?” e Francisco prontamente respondeu: “SENHOR QUE QUERES QUE EU FAÇA?
Nesta pergunta está o segredo de toda a vida do Poverelo. Sabe o que acontece quando dirigimos essa pergunta a Deus? Ele responde, como fez com Francisco: “Volta para tua terra e te será dito o que deverá fazer”.
O discernimento da vocação somente pode se dar se ocorrer uma verdadeira conversão de vida. Sempre nos vem a tentação de acrescentar a “conversão” a palavra “interior”. Mas não vamos fazer isso, pois compreendemos que o ser humano é um todo global que envolve a unidade do exterior com o interior. Dizer isso é afirmar que em Francisco encontramos uma mudança de direção na vida global dele (psico-físico-social-religioso e porque não lúdico), na qual podemos sim, afirmar que ocorreu diferenciação dos atos antes praticados, mas a sua disposição interior de generosidade, habilidade mercantil, largueza de espírito, espírito prático, etc, não foram deixadas para trás. Pelo contrário! Foram aperfeiçoadas pelo espírito religioso que agora lhe tomava a existência e convertidas para outro estilo de vida, antes “mundano”, isto é, com objetivo de simples sucesso pessoal, para o dom oblativo de si mesmo para a causa do Evangelho. Passa a viver retirado para discernir com mais afinco a Voz de Deus do que poderia ser sua própria voz ou vozes dos outros, e direcionar sua vida para o caminho da vontade de Deus.
Em Francisco surpreende sua capacidade de, ainda em nossos tempos, despertar a nossa atenção, mesmo depois de oitocentos anos de história e de sua partida para a casa do Pai, num sábado de outubro, dia 03, no ano de 1226. Não fica uma pergunta de fundo? Porque??? Não tenho a pretensão de responder a isso, mas, penso que aqui podemos aplicar o princípio Gamaliel, qual seja, “se o seu intento ou sua obra provém dos homens, destruir-se-á por si mesma; se vem de Deus... (At 5, 38b-39). Claro está que um dia, se porventura os franciscanos não existirem mais, a vida franciscana continuará vigente, pois é movimento evangélico. E os franciscanos só podem existir porque a sua raiz é forte.
Seja um franciscano! Ou secular (leigo sem consagração regular dos votos vivendo na própria família), ou frade (com consagração pelos votos religiosos), ou uma irmã (também consagrada). Ou ainda, existem muitos outros modos como a Juventude Franciscana (Jufra).
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MDT