terça-feira, 31 de agosto de 2010

III Congresso Vocacional do Brasil: sempre-nova pedagogia do Encontro

Entre os dias 3 e 7 de setembro, na cidade de Indaiatuba, no bairro de Itaici, realizar-se-á o III Congresso Vocacional do Brasil. Deve ser dito em primeiro lugar, que este evento constitui um acontecimento da Igreja como um todo e não de uma pastoral específica. Porque se deve afirmar isto? Unicamente para que tenhamos consciência bem definida de que a Igreja é a Assembléia dos chamados e falar de vocação toca-nos no interior profundo de nossa vida, pessoalmente.
O tema do III Congresso será Discípulos Missionários a serviço das vocações, com o lema Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações (Mt 28,19). Esse Congresso marca a sequência e continuação dos outros dois anteriores (1999 e 2005), nos quais cada um colaborou com uma temática específica e um ideário motivador dos trabalhos da animação vocacional em nosso país. Não vou abordar aqui cada um dos congressos, convidando o leitor a fazer uma consulta ao texto-base deste III Congresso. Mas desejo ir direto ao assunto pelo qual parece que o III Congresso irá ater-se.
No despertar da vocação de cada pessoa está no centro o encontro com Jesus de Nazaré, o Cristo, que nos leva a conversão da vida. Toda vocação constitui um diálogo entre o chamado e Aquele que chama. Essas são premissas básicas da realidade vocacional. Do encontro com Jesus, diz o texto-base, nasce o discipulado, o seguimento e a missão. O serviço de animação vocacional da Igreja no Brasil tem que desenvolver uma pedagogia na qual deve se levar cada batizado, cada pessoa ao encontro com Jesus, que materialize no conhecimento da vida de Cristo e consequentemente conduza-nos a conversão pessoal e também comunitária gerando a missão.
Discipulado e missão não são duas coisas separadas, mas pelo contrário, uma implica a outra necessariamente, pois quem se apaixona tem a necessidade de expandir seu amor. Ao chamado segue a certeza: Deus fala “Vai! Estou com você!” (Ex 28,20). Fala a Moisés, aos profetas, aos apóstolos e a nós hoje. Responder a vocação, ser generoso para com a proposta da Trindade aos seres humanos é a certeza de que Deus está próximo e caminha conosco. Viver a vida a partir deste princípio transforma o medo em possibilidade de mudança, a comodidade em inquietação, o passivismo em indignação.
A grande mensagem que este III Congresso deixará para a Igreja no Brasil será de convocar todos os cristãos a um compromisso responsável de responder ao chamado diante mesmo da realidade que se nos apresenta, numa nova visão de mundo e de homem. O Evangelho de Jesus Cristo é sempre nova possibilidade de renovação e de esperança ao homem de todos os tempos.
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MDT

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Vocação: compromisso e responsabilidade

Sabemos claramente que vocação é chamamento de Alguém que somente chama porque se interessa pelo seu interlocutor. Para uma compreensão mais profunda da vida somente podemos admitir: quem nos chama é o Deus da vida que nos doa a vida e nos faz pessoa e apenas cobra de nós que vivamos como pessoa e nada mais.
Nos vocacionados da Sagrada Escritura vemos claramente uma dinâmica que desperta nossa atenção. Entre Deus e o vocacionado estabelece-se um tipo de relação que é real, concreto, vivencial, vis-a-vis, enfim, presencial. O vocacionado está presença de Deus. Em outras palavras Deus é transparente ao humano. A maior dificuldade na prática social em nossos tempos, com relação à sociedade como um todo, está nessa incompreensão no que diz respeito a presença de Deus real frente a história vivencial. Diz-se acreditar em Deus, mas vivemos como se Ele não existisse.
Outrossim, fundamentados na Palavra de Deus, sem dúvida, não podemos afirmar outra coisa que não seja: Deus chama porque Ele é o Amor. Na história da ação de Deus na história dos homens, Deus se mistura em nossa realidade concreta, sempre em defesa de seu povo, e este escravizado por tantas vicissitudes se encontra com seu Deus na concretude dos acontecimentos, tanto que, o povo da Bíblia fala de Deus é narrando acontecimentos.
Deus não se contenta em agir sozinho, mas conta com a colaboração livre de pessoas, muitas vezes consideradas incapazes e resistentes (p. ex. Moisés), outras medrosas (p. ex. o profeta Jeremias), em alguns casos pessoas renitentes (p. ex. Jonas), ainda brutas e rústicas demais (p. ex. Pedro) ou até mesmo perseguidores (p. ex. Paulo). A aventura com Deus, iniciada na dúvida e sob protesto. Certamente nada de grandes iluminações, nada de vozes no sonho. O dado principal que marca a vida destas pessoas é a partida.
Partida rumo ao desconhecido.
Partida rumo a novas margens, mesmo que essas margens ainda sejam desconhecidas.
Partida, simplesmente seguindo a palavra de um Deus que chama e vocaciona.
De um Deus que aborda pessoalmente o homem. Mas que o desafia para um risco. (Renold Blank)
Com isso podemos concluir: Deus chama para se relacionar com o ser humano e para colocar em ação seu projeto de salvação, sem o qual o ser humano não pode encontrar a felicidade plena, que consiste na vinda do Reino de Deus no meio do povo pela prática da justiça, da paz, da igualdade fraterna e do AMOR. E isso acontece quando o compromisso gera responsabilidade pessoal e comunitária (social) em vista da defesa do ser humano.
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MDT