quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Os vocacionados da Sagrada Escritura

Vamos refletir neste artigo sobre os vocacionados que encontramos na Sagrada Escritura. Logicamente é muito difícil falar de modo tão geral e em poucas linhas dos vocacionados da Bíblia. De modo específico podemos falar do espírito que os animava. Quando se diz espírito quer dizer a força motora que impulsiona e conduz para frente como inspiração transformadora da vida.
Este espírito que “está por trás” é o chamado de Deus. Tantas e tantas vezes falamos e repetimos sobre o chamado (vocação), mas poucas vezes deixamos isso ressoar em nossa vida, devido à correria em que nos encontramos na vida cotidiana. Como fazer ressoar? Deixando ressoar! O que é visto todo dia deixa de ser “estranho” devido à convivência diária. Deixar de ser estranho é um perigo, pois damos sempre como descontados que seja conhecido o real. E muitas vezes deixamos por descontado o que na verdade já está morto. Uma pergunta deve sempre estar presente: surpreendo-me, ainda, com o chamado de Deus?
Explicando melhor: ninguém pode negar que comer pizza, macarrão, bolo, torta etc, sejam coisas muito boas, mas de vez em quando, apenas. Se começarmos a comer todos os dias estas coisas não vamos conseguir nem sequer dar um pequeno aperto no passo que as pernas vão começar a tremer. O que dá ao corpo força e disposição é o arroz e feijão que comemos todos os dias repetidamente. E nunca enjoamos de comer arroz e feijão todos os dias. O nosso arroz e feijão cristão é: “SOMOS CHAMADOS” por DEUS.
Aprofundando mais podemos dizer, no lugar de afirmar “sentir-se chamado”, “encontro-me chamado”. Isso aconrteceu com os vocacionados da Bíblia. Sim, afirma o biblista frei Carlos Mesters: “Deus tem vocação e se compromete com ela chamando a todos nós”. A vocação de Deus é escutar o chamado do povo que sofre (cf Ex 2,23-25). Encontrar-se chamado marca a existência. O cristão acredita e confessa que Deus existe. Quando afirmamos “Deus existe”, não o podemos dizer do mesmo modo “árvore existe”, porque afirmar “Deus existe” compromete a vida, cobra engajamento ao que se afirma, força ao posicionamento existencial (Boff). Isso, com relação à vocação, tem implicâncias vitais, tais como, temos que acreditar com a vida que Deus convoca pró-vocando, isto é, chamando para a frente o ser humano. Deus vocaciona e “missiona” o ser humano.
Aqui tem fundamento primordial o que Deus disse a Moisés: “VAI! ESTOU COM VOCÊ!” (Ex 3,12). Para tal temos que nos exercitar para o silêncio, não só dos ouvidos, mas de todo o ser disposto a entregar-se a Deus confiando e caminhando com Ele. Assevera o papa Bento XVI recentemente na Santa Missa em Bellahouston Park (Glasgow), no dia 16 de Setembro de 2010, na visita ao Reino Unido: “O Evangelho recorda-nos que Cristo continua a enviar os seus discípulos pelo mundo, para anunciar a vinda do seu Reino e levar a sua paz ao mundo, passando de casa em casa, de família em família, de cidade em cidade.”
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MDT

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