sexta-feira, 18 de junho de 2010

O intimorato animador

O discípulo missionário se caracteriza essencialmente pela BUSCA. Essa pessoa, intimorata desbravadora de caminhos, independente das estruturas psicológicas as quais está submetida, vive na inquietude da vida, na experiência do êxodo, e este do ponto de vista bíblico de não conforto de um “lugar”.
O trabalho vocacional somente tem sentido e antes de tudo parte de um grande sentido fundamental: DEUS MESMO.
Como sabemos a fé em Jesus Cristo não implica em ruptura com a vida terrena e nem pode ser reduzida ao gesto de glorificar e louvar. Desde a criação de Eva por Deus do lado de Adão temos bem claro que o homem foi criado por Deus em vista do relacionamento, ou seja, a mulher que foi criada do lado de Adão simboliza a situação de igualdade existente entre todos os seres humanos, pois Eva não veio dos pés de Adão para ser escrava e nem de sua cabeça para lhe ser soberana (Boff), mas do lado para ser companheira. Na dinâmica vocacional isso implica em algo deveras importante: o nosso relacionamento com Deus deve partir de uma convivência segura e concreta. Jesus de Nazaré, o Cristo, é nosso Deus e com ele devemos encontrar a Deus. Nesse ínterim, a palavra relacionamento ganha efeitos de variada acuidade na vida cristã, com destaque para o fenômeno que evoca.
As representações de Deus criadas, nas quais colocam Deus fora do mundo pode acarretar num sério risco: Deus deixa de ser experimentável tornando-se objeto da fé. Assim, passamos a crer em verdades sobre Deus, mais do que em Deus mesmo experimentado num relacionamento “carnal”[1]. Essa idéia impede de valorizar a encarnação de Deus em Jesus Cristo. Não é um Deus que se abaixa com simpatia para com o homem. Como conseqüência de uma pregação de um Deus sem mundo tivemos como efeito a emergência de um mundo sem Deus. Afirmam as grandes filosofias da dúvida: “Deus está morto”. E o complemento não está de todo equivocado: “E nós o matamos”.
No mundo vivido de forma “secularizada”, ocorrente dessa linha filosófica não de todo equivocada[2], o mundo, que se desenvolve a partir da técnica e da ciência, deixa de ser transparência de Deus. O homem não se sente sempre e em cada lugar diante de Deus. A realidade transformada pelo trabalho fala mais ao homem, seu artífice, que de Deus, seu Criador. Embora não seja ausente, é invisível em nosso mundo técnico-científico.
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A provocação de base para esta argumentação neste texto está nas seguintes bibliografias: BOFF, O destino do homem e do mundo: ensaio sobre a vocação humana. Petrópolis: Vozes.2003 e BOFF, Experimentar a Deus hoje. In Experimentar Deus hoje. Petrópolis: Vozes. 1974

[1] ENCARANADA!
[2] Poderemos refletir sobre isso em outros artigos. Ainda, devemos ressaltar aqui que estas palavras não têm preocupação de apresentar-se moralmente.

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