O Evangelho de Lc 19,1-10 traz-nos o relato da vocação-conversão do rico chefe dos publicanos, Zaqueu. Era rico porque defraudava. Mas procurava conhecer quem era Jesus, que sem hesitar se dirigiu ao publicano: "Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa." E continua o texto afirmando que ele "desceu depressa e recebeu-o com alegria."
Ao chamado uma resposta!
Mas, o que desperta a atenção é o fato da multidão estar presente, novamente, no relato de Lucas. Antes deste fato da conversão do publicano, quando da passagem de Jesus por Naim (Lc 7,11-17), a multidão já recebia certo destaque, em dois momentos: primeiro, Jesus estava seguido de uma multidão; e segundo, a viúva também estava acompanhada por uma multidão. Mas o diálogo não leva em consideração a multidão, que aparece apenas quando, após Jesus levantar o jovem filho da viúva, exclama: "Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo."
Este particular ressaltado leva-nos a uma conclusão bem simples. No chamado vocacional não existe multidão. O relacionamento é pessoal: Alguém (a Trindade) chama e o vocacionado responde. A experiência vocacional não é algo da vida que podemos confiar a outros a responsabilidade; a experiência vocacional é muito menos um momento da vida que podemos postergar, deixar para depois... Vocação é compromisso pessoal de engajamento. É momento de arriscar tudo na confiança em Deus que me chama e vai dar força para sair. Esse verbo "sair", tão presente nos relatos vocacionais da Sagrada Escritura (Abraão, Moisés...), hoje desperta medo, porque ele evoca desestabilização, esse verbo incomoda, exige amor e confiança Ao que chama. Mas ao mesmo tempo exige maturidade e consciência do que está para ser realizado.
Deus chama e responsabiliza-se junto com o vocacionado da história a ser construída.
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MDT
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