sábado, 4 de julho de 2009

Família, formadora da Igreja

"Sua mãe e seus irmãos foram, se detiveram fora e enviaram um recado chamando-o. As pessoas estavam sentadas em torno dele e lhe dizem: 'Vê, tua mãe e teus irmãos estão fora e te procuram.' Ele lhes respondeu: 'Quem é minha mãe e meus irmãos?' E olhando os que estavam sentados em círculo ao redor dele, diz: 'Vede minha mãe e meus irmãos. Pois, quem cumpre a vontade de meu Pai do céu, esse é meu irmão, irmã e mãe. (Mc 3, 31-35)

A família, no contexto da vida humana é sempre formadora, em todos os âmbitos. Na vida Igreja como um todo ela também não deixa de possuir esta missão. Mas o termo formadora podemos conceber a partir de dois modos: como constituidora ou como educadora. Uma compreensão não exclui de forma alguma a outra, mas fazemos este tipo de diferenciação por motivos pedagógicos. Vejamos o porquê.
A família é célula constituidora não somente da Igreja, mas da sociedade como um todo, com todas os seus deveres e direitos inerentes. Constitui para formar estruturalmente e organizar todo o conjunto social.
A família é também possuidora da missão de educar, formar, transmitir o plano formal das tradições de valores básicos de vida pela capacidade e função primordial de relacionamento.
Mas este tema ao qual assumimos como trabalho desenvolver se desdobra na verdade, sob dois pontos importantes a serem esclarecidos: 1) a Família e 2) a Igreja. Partiremos do aspecto mais amplo e geral, a Igreja. E assim, precisamos explanar sobre a compreensão fundante. A Igreja, numa conceituação a partir dela mesma é sacramento universal da salvação e comunidade para o Reino. O Filho de Deus assumiu a condição humana para resgatar a humanidade. E o Cristo, através da estrutura social da Igreja Católica é o órgão de salvação para o mundo.
Para que possamos nos situar mais claramente e sairmos de nossas compreensões universalistas demais, a Igreja não constitui simplesmente uma organização universal concernente somente ao Papa e seus cardeais, mas a Igreja deve ser compreendida e vivenciada a partir da realidade da comunidade, ou seja, a Igreja é uma congregação local. A Igreja não é católica se não for local, particular; mas a Igreja particular não é a Igreja a menos que seja católica.
Pela celebração da palavra e da ceia eucarística Cristo está presente na comunidade cúltica de modo real, pois está assim presente a modo de membro principal do corpo, a cabeça, aquele que é o chefe constituidor junto com seu povo (Mc 3, 31-35).
Aqui podemos explanar sobre a família. Mas antes façamos algumas antecipações. A família na verdade é uma pequena comunidade onde se difunde o relacionamento entre seus membros. A família deve ser pensada no conjunto da vida. Ela se liga à sociedade e se plasma a partir dela. No seu estruturar-se básico a família se organiza a partir da aliança, consangüinidade e da descendência. A aliança entre o homem e a mulher não é um simples acordo, contrato estabelecido (como se diz comumente), nem promessa somente, entretanto é profissão, pois o amor não é sentimento que se sente sem querer, mas é decisão existencial acima de tudo.
No seu bojo, a família possui uma constituição humanizadora básica de dar sentido e direção às coisas. Como conjunto de pessoas em relações de reprodução humana, ligadas por laços de aliança, consangüinidade e descendência a família desempenha sua atuação na produção também nas relações, sentidos e significados. O criar significação desempenha no conjunto da vivência concreta uma natureza formadora do humano que se efetua na relação. A família desempenha ainda funções básicas no nível biológico, afetivo, educador, político e religioso. Não aprofundaremos nenhum destes agora, mas isso é importante para ampliarmos nossa visão.
A autoridade, estabilidade e a comunidade de vida no interior da família constituem a base para a liberdade, segurança e fraternidade dentro da sociedade. A vida da família é treinamento para a vida social. Na família vemos a obra criadora de Deus pela procriação. As que vivem de acordo com a fé constituem uma comunidade de esperança e caridade e são uma representação e realização específica da comunidade eclesial. Por isso podemos denomina-la de Igreja doméstica, pois a família é a primeira escola de vida cristã. Neste ínterim, a tradição no seio familiar é o organismo vivo de transmissão de valores que depende dos mais velhos para difundirem aos mais novos os valores daquela família específica.
Desse modo, o matrimônio foi instituído como sacramento porque entendido como sinal da aliança eterna do relacionamento vital de Deus com os homens, desde o ponto de vista bíblico, onde vemos a constituição básica do verdadeiro relacionamento de fidelidade e de amor profundo onde não vemos nada mais do que a essência da vida divina na doação sem preocupações com reservas a si mesmo. O vigor da vivência de Deus é nesse sentido união, doação e amor. Na família devem reinar todos estes valores que são centrais, caso contrário encontraremos toda esta gama de problemas na sociedade, esta que é espelho de como está a família na sua constituição interna hoje. A família hoje, para ser formadora de Igreja precisa ser unida em pontos centrais de sua vivência, tais como oração comum, atividades em comum, transmissão de valores morais e de fé, as famílias devem também ser detentoras de uma missão comum no seio da Igreja, missão que concerne a todos os cristãos batizados. No seio da sociedade e da Igreja isso é de mdo mais do que natural uma vitalidade de que nunca poderemos abrir mão. É no seio da casa que se dá o início e a realidade da Igreja.
FRFC
Referências: FUELLENBACH, John. Igreja, comunidade para o Reino. São Paulo: Paulinas. 2006;
ANJOS, Márcio Fabri dos. Teologia da Família e do Matrimônio. Anotações para uso dos alunos com complementação em sala de aula. São Paulo: Itesp/Assunção. 2009.

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