sexta-feira, 31 de julho de 2009

Itinerância franciscana II

No dia 6 de Julho de 2009 postei uma reflexão com o tema Itinerância franciscana. Segue hoje uma segunda reflexão com o mesmo tema.

A itinerância na escola franciscana é o exercício do mandato dos pregadores dignos de credibilidade. Os evangelizadores da Ordem dos frades menores sempre estão ligados e envolvidos a uma fraternidade conventual específica. Na fraternidade franciscana deve-se levar em consideração a disposição básica de ser mansos, pacíficos e modestos, falando com todos sem parcialidade, como irmão de todos, porque a Ordem formada espontaneamente ao redor da pessoa e da vida de São Francisco (K. Esser) conhece esse modo de viver.

A fraternidade franciscana se estrutura a partir de um lume básico que é a itinerância. Podemos dizer que nossa fraternidade é itinerante. Isso quer dizer que itinerância é o modo novo de ficar. Ou seja, na fraternidade franciscana todos estão imbuídos do espírito evangelizador da Igreja e de modo especial engajados no projeto do nosso fundador. Todos, buscando crescer na vocação, no chamado, fazem antes um caminho interior, que se materializa numa inquietação ante as situações da humanidade, pelos que sofrem e gritam, anunciando a esperança do mundo novo, renovado no nome de Jesus Cristo, acusando quem pratica a injustiça convocando-os a conversão, promovendo a dignidade dos pequenos e excluídos e daqueles que perderam o sentido da vida.

Ainda neste âmbito da fraternidade franciscana itinerante devemos nos remeter à questão da vida contemplativa-ativa da vida franciscana. Somente sabe ficar quem sabe silenciar e consegue ir quem sabe ficar. Mas para tal, é necessário ater-se a exigência da itinerância para saber vencer-se a si mesmo. A última itinerância de nossas vidas, a morte, Francisco de Assis cantou no famoso Cântico das Criaturas: “Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal, da qual homem algum pode escapar.” Lançando o olhar para as primeiras fraternidades franciscanas, podemos dizer que, salvaguardando as devidas “epocalidades”, não existe vida franciscana sem a disposição interior da itinerância evangelizadora, mesmo que se fique durante muito tempo num lugar devido às necessidades: “Os irmãos andavam pelo mundo como pregadores ambulantes, exortando em toda a parte para a penitência e anunciando o Reino de Deus.”*

Francisco faz da fraternidade uma escola para itinerância. Vencer-se é na fraternidade o exercício para isso e é na fraternidade que se exercita. Somos família de fé, no qual a consangüinidade está no Evangelho. Na minoridade está o espírito da itinerância, pois nos sabemos "nem tão imprescindíveis assim" para o trabalho da evangelização, pois é Deus mesmo quem atua.
MDT
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*ESSER, Kajetan. Origens e Espírito Primitivo da Ordem Franciscana. Petrópoles: Cefepal/Vozes. p. 66. 1972.

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