quarta-feira, 15 de julho de 2009

Justiça pela redistribuição

Este Texto tem a intenção de estar em continuidade com as duas outras postagens precedentes (dos dias 11 e 13/07/2009). A preocupação ambiental está em voga atualmente de modo emergente, na tentativa de construir um novo modo de conceber a vida humana, a natureza e os cosmos. É necessário recolocar a questão da cooperação como novo sistema governamental.

Os antigos, e hoje também algumas tribos índigenas e povos que habitam os longínquos interiores do mundo, afastados das metrópoles, tinham um relacionamento de intimidade profunda com o cosmos. Compreendiam-se como uma única presença, sem o medo um do outro, mas acima de tudo a cooperação era o impulso da busca de conservação. O ser humano estava imbricado no todo e se utilizava do meio ambiente. Isto, com o tempo, foi ganhando outras configurações até chegar na situação emque estamos hoje.

O trabalho que cuida da transformação da renovação da situação vigente deve ir de encontro a uma proposta de transformação imediata. Este novo modo de pensar desperta as pessoas da vida vida medíocre que nos afasta das pessoas e da realidade. Nossa vida, a de cada pessoa de forma concreta, está situada numa realidade vivencial, onde não podemos deixar de lado o engajamento de compromisso em cada fator preponderante. A intenção primordial deve atender ao chamado urgente do Evangelho da convocação à construção do Reino de Deus no mundo. Como sabemos, o Reino de Deus é um dom, mas está em acordo com a colaboração humana. E isso se dará de acordo com a vontade de cada pessoa em realizar o bem comum.

Concomitantemente, as pessoas da vida cristã são convocadas a realizar uma proposta ao modelo econômico vigente. Afirma Bento XVI em sua nova Encíclica Social, no número 36: "A atividade econômica não pode resolver todos os problemas sociais através da simples extensão da lógica mercantil. Esta há-de ter como finalidade a prossecução do bem comum, do qual se deve ocupar também e sobretudo a comunidade política. Por isso, tenha-se presente que é causa de graves desequilíbrios separar o agir económico — ao qual competiria apenas produzir riqueza — do agir político, cuja função seria buscar a justiça através da redistribuição."* A proposta que deveríamos fazer indo de encontro ao fator da realização da tranformação das estruturas e das pessoas atenderia, na verdade, a uma nova postura diante dos outros. A lógica mercantil atual baseada apenas no lucro, e isso a qualquer custo, se não for trocada por uma nova lógica da cooperação e da colaboração social, será apenas um curativo bem fraco que fazemos numa ferida que exige uma cirurgia imediata.

Com relação a crise econômica atual, quando podemos constatar a falência do mercado como regulador do sistema, apesar de os seu geridores já afirmarem da superação dessa mesma crise, ainda se constitui programa de trabalho imediato o repensamento do modelo econômico mundial, pois de outro modo ainda continuaremos com o mesmo sistema excludente e discriminador que pensa nos pobres apenas como potencial de compra. E a questão ambiental é realidade que não pode fugir de nossa discussões, pois de outro modo descambaremos para a nossa derrocada. A proteção ambiental vai de encontro com o modelo de progresso que concebemos, exigindo, desse modo, uma superação imediata do mesmo para assim construirmos uma nova geografia política e econômica planetária com novos valores, mais humanos. E ainda mais, essa discussão é também parte de uma eleboração de nossa captação do sentido de vida pessoal e, podemos dizer, social.

MDT

Pode continuar...
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*http://www.zenit.org/article-22072?l=portuguese

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