sábado, 1 de agosto de 2009

Vocação: diálogo de liberdade

Iniciamos o mês vocacional na Igreja do Brasil e durante todo este período procurarei postar alguns textos neste sentido com o intuito de auxiliar na reflexão.

Sabemos com certeza que a palavra vocação vem do latim e significa chamado. Isso é chão comum. Talvez tudo o que podemos dizer sobre vocação seja chão comum, porque todo ser humano enfrenta essa realidade de num período da vida ter que se deparar de frente com sua vocação e desse modo tomar uma decisão firme de assumi-la. Logicamente, vocação é chamado a uma vida plena para si mesmo, mas acima de tudo é o serviço que oferecemos a toda a sociedade humana em vista do bem comum.

Eu não entendo antecipadamente vocação como coisa do padre e da freira, e nem vocação somente no âmbito eclesial, nem muito menos como profissão que se exerce ou coisas que se têm para fazer. Tudo isso constitui consequência. Na realidade, cada pessoa deveria falar de seu modo o que entende por vocação, pois como realidade humana, toca profundamente todas as dimensões da pessoa. Invade tudo aquilo que se refere à vida do homem e da mulher. Vocação é algo que nos plenifica e nos torna profundamente humanos (Lisboa).

Corremos sempre na tendência de encarar vocação como inclinação ou aptidão. Como afirma José Lisboa, “antes da inclinação encontra-se algo muito mais essencial; algo que fundamenta e dá sentido ao gosto pessoal e à tendência”* e que está longe de qualquer interesse particular de benefícios. Esse “algo muito mais essencial” que fala Lisboa é a realidade profunda do coração humano em que existe uma intransponibilidade cabal, sem o qual não poderia haver felicidade humana. Como afirmei acima, no coração de uma pessoa deve estar imbuído um profundo intento de serviço à sociedade humana, na construção de um viver comum onde há uma interconexão de vida e de ações essenciais. Isso para nós que somos cristãos chamamos de divino.

E vocação não pode ser entendida de outro modo senão como chamamento de Deus, independente do que “fazemos”, seja na vida civil seja na vida cristã. Pois, tudo o que se destina ao serviço do homem e do bem comum é sinal da presença do Espírito de Deus.
MDT
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OLIVEIRA, José Lisboa Moreira de. Teologia da vocação: temas fundamentais. São Paulo: IPV/Loyola. 1999

Um comentário:

  1. Olá, o tema vocação pra mim é muito intrigante, como reagir a própria essencia...Gostaria muito de dizer a alguem tudo o que se passa pela minha mente, mas quem estaria preparado.
    Houve a tentativa de reagir, porém, tudo o que consegui foi convencer através de artificios que eu mesma desconhecia saber possuir, e por isso, há uma pergunta: pq fiz isso?

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