“Quem se compara ao Senhor, nosso Deus, que tem o seu trono nas alturas e Se inclina lá do alto a olhar os céus e a terra?” sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
No Natal Deus se inclina a nós
“Quem se compara ao Senhor, nosso Deus, que tem o seu trono nas alturas e Se inclina lá do alto a olhar os céus e a terra?” terça-feira, 10 de novembro de 2009
A GRAÇA DO PERDÃO
A matéria prima da criação é o amor. Quando a Trindade transbordou o amor entre Eles, o mundo foi criado. No centro dessa criação, encontra-se a pessoa humana, excelência desse amor criacional. Criados no amor, para o amor. Qualquer tentativa de viver à margem desse amor é uma descaracterização da pessoalidade. Amar é a condição de ser. Podemos fazer tudo, como nos lembra São Paulo, mas se não tivermos o amor de nada seria ou valeria. O amor tudo crê, tudo espera, tudo suporta, tudo alcança. Não é rancoroso, nem se encoleriza, não sente inveja ou se envaidece. Lembra-nos o Cântico dos cânticos, águas torrenciais jamais apagarão amor, nem rios poderão afogá-lo. Por isso, São João vai dizer: quem não ama, não conhece a Deus porque Deus é Amor.Frei Mário Sérgio, ofmcap. Cedido por frei Arnaldo Aragão, ofm conv.
domingo, 8 de novembro de 2009
Como quando a gente coloca na boca aquela gostosa colher de doce da mãe
“Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças extradordinárias.” (provérbio africano)sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Francisco, Franciscano, Deus, Liberdade. Que emaranhado!
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
A dúvida - uma pequeníssima reflexão

segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Espontaneidade e criatividade
Há um dogma no modo de pensar usual e comum, um dogma com o qual todos de antemão concordamos: o ser humano deve ser espontâneo, isto é, deve viver solto, conforme seu gosto, seu sentir, seu achar, suas emoções, porque tem direito a ser feliz.quinta-feira, 29 de outubro de 2009
FAZER EXPERIÊNCIA DE DEUS
Texto longo, mas fundamental. Acompanhe:Dom Fernando Mason ofm conv.: http://www.diocesedepiracicaba.org.br/
terça-feira, 27 de outubro de 2009
O Espírito de Assis
Os encontros de oração e jejum pela paz convocados pelo Papa, em Assis, nos dias 27 de outubro de 1986 e 9-10 de janeiro de 1993, pertencem àquele tipo de experiências que não esgotam seu significado e sua grandeza no fim do dia em que foram vividas, nem nos gestos e palavras pelas quais foram expressas. Isso porque se tornam como que "sacramentais", ultrapassam qualquer tipo de materialidade para chegar à categoria do simbólico, tornam-se verdadeira "profecia", no sentido primeiro e mais profundo do termo. A presença simultânea dos representantes das grandes religiões do mundo, de modo especial, dos hebreus, cristãos e muçulmanos, que há muitos séculos se tratavam com suspeita e até intolerância, o objetivo comum que os reuniu, rezar pela paz, o estar lado a lado partilhando as mesmas ansiedades e os mesmos ideais, transforma-se num fato prodigioso, num genuíno "sinal dos tempos".Autor Frei Ary E. Pintarelli
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Compreensão do sofrimento a partir do livro de Jó - Pequena explanação
O sofrimento é a ocasião que abre a porta do drama, porém, o tema que se apresenta com mais intensidade é o da justiça de Deus. Os amigos defendem a teologia tradicional sapiencial que deseja defender Deus à custa do ser humano ainda que seja despojado e sofra injustamente. Os amigos argumentam pela tradição, acusam com o objetivo de defender sua teologia. Mas Jó reflete a partir da própria realidade que vive, e por isso seu discurso apresenta características inovadoras.Uma característica fundamental do ser humano é a capacidade de perceber a injustiça e lutar contra ele. Percebemos que algo é injusto e nos dispomos a nos levantar e dizer o que pensamos; preferimos correr riscos e nos submeter. O livro de Jó é exatamente uma expressão dessa posição.[2]
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Com Nossa Senhora Aparecida também padroeiro do Brasil
Foi nomeado superior de vários conventos e sempre era um modelo para todos seus súditos quanto ao cumprimento exato dos regulamentos da comunidade. Mas o trabalho no qual mais êxitos obtinha era o da pregação. Deus lhe tinha dado a graça de comover os ouvintes, e muitas vezes bastava apenas sua presença para que muitos começassem a deixar sua vida cheia de vícios e começassem uma vida virtuosa. Preferia sempre os auditórios de gente pobre, porque lhe parecia que eram os que mais vontade tinham de converter-se. Pediu a seus superiores que o enviassem ao convento mais solitário que tivesse a comunidade. Mandaram-no ao convento de Marisco, em terrenos desabitados, e lá compôs um formoso livro a respeito da oração, que foi extremamente estimado pela Santa Teresa e São Francisco de Sales, e foi traduzido a muitos idiomas._________________________
Fonte: http://www.acidigital.com/santos/santo.php?n=117
sábado, 10 de outubro de 2009
O que é mesmo a verdade?
O que angustia o ser humano? A busca da verdade ou descoberta dela? É sabido que não podemos responder a essas questões somente com alguns parágrafos de reflexão, haja vista que temos ao longo dos séculos tratados e mais tratados acerca da verdade. O nosso foco aqui não é a verdade enquanto tal, mas o nosso comportamento diante dela. Sendo assim, a verdade em nível de filosofia e de teologia não é uma certeza matemática ou o resultado de uma experimentação científica. Ela é um encontro com algo maior que provoca mudanças radicais no interior do ser humano.
Com certeza se seguíssemos os conselhos do bem-aventurado frei Egidio de Assis descobriríamos que o “difícil não é entrar na côrte, mas permanecer nela”. A côrte exige alguns comportamentos diferentes dos lugares comuns cotidianamente por nós freqüentados. A verdade é a morada do rei, a saber, a corte. E somente quem tem espírito de nobreza, consegue viver na verdade, e nisso os pobres e os marginalizados da pós-modernidade são exemplos de nobreza, pois não habitam nas pseudos verdades e, suas côrtes, não são iguais a côrte dos homens pós-modernos que se escondem nos condomínios de luxo fechados com medo de encarar a verdade como ela aparece, na factualidade existencial.O que de fato a verdade?
(Manuel Bandeira)
domingo, 4 de outubro de 2009
DIA DE FESTA E REVISÃO DE VIDA - SÃO FRANCISCO NOSSO PAI
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
A complexidade da formação literária da Bíblia: parte 1
Tentativa de resposta às questões feitas na postagem anônima do dia 1 de setembro de 2009Qual sua opinião sobre a exatidão e veracidade das escrituras, podem elas terem sido adaptadas para algum tipo de convencionalismo, pq textos selecionados? O povo deve permanecer na ignorância por vontade do homem?
“Diversamente do islamismo, o cristianismo não constitui religião do livro. Para o surgimento de uma coleção de escritos santos, tidos como inspirados e canônicos contribuíram antes apenas razões sugeridas pelo seu processo e sua situação: além do impulso interno para automanifestar-se socialmente (paralelamente com a hierarquia e constituição de Igreja), a crescente distância concernente aos fundadores, a atitude missionária, o modelo anterior dos escritos do Antigo Testamento e, não em último lugar, a necessidade apologética. Uma vez que já bem cedo adveio o fenômeno de escritos paralelos, concorrentes e imitativos, já no decurso do processo de surgimento propô-se o problema da delimitação (cânon) e apreciação de seu valor, como também de sua exploração metódica, de sua interpretação teológica e, não em último lugar, de sua classificação literária.”[1]
Os textos são selecionados não para obedecer a uma ideologia constituída, mas exatamente porque obtiveram aceitação na Igreja. Quando se diz Igreja quer se afirmar a comunhão popular de todos os membros. O que aconteceu posteriormente foi uma canonização dos livros por parte da “hierarquia” e também exegetas competentes, ou seja, foram adotados como livros inspirados por Deus. Afirma o mesmo dicionário de teologia supracitado: “Como texto, a Escritura, como toda expressão literária, requer, durante o seu surgimento (2 Pd 3,16), recepção inicial. Contudo, distingue-se ela do caso normal pelo fato de que o seu leitor primário não é o destinatário individual, mas a Igreja. Somente por sua “leitura” é que a Escritura ganha sua plena realidade atual. Somente assim é que se pode entender que a Igreja decide não só com autoridade exterior, mas também por competência interna, sobre a abrangência, qualidade e dignidade da Escritura, mas sobretudo sobre o seu sentido.”[2]
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
A vocação franciscana - parte III: Origem do nome "Frades Menores" A minoridade Franciscana (Continuação)
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
A vocação franciscana - parte III: Origem do nome "Frades Menores" A minoridade Franciscana
Antes da aprovação da Regra, o grupo de frades de Rivotorto não tinha uma denominação específica e se apresentava simplesmente como "Penitentes de Assis", porque ainda não eram uma Ordem. Somente depois da aprovação da Regra ou forma de vida por parte de Inocêncio III começaram a chamar-se Frades Menores, mas graças ao testemunho do cronista Buscardo de Ursperg sabemos que no princípio se chamavam Pobres Menores, em sintonia com outros movimentos de seu tempo, heréticos ou não, que se chamavam Pobres de Lion, Pobres Lombardos, Pobres católicos, etc. Tal relação com outros grupos religiosos contemporâneos não é de se estranhar: Francisco, ainda que dirigido e orientado sempre por inspiração divina, nunca viveu a mercê das inquietudes de seus contemporâneos, nem seu projeto de vida foi alheio aos novos projetos de vida religiosa que se deflagrava ao seu redor. Basta comparar seu ideal de pobreza, itinerância, pregação da penitência e demais práticas evangélicas e apostólicas para comprovar que não era diferente dos demais grupos. Portanto, a originalidade franciscana não está ali, mas na radicalidade de vida, que superou a todos, na catolicidade insubornável e, sobretudo, no modo humilde e serviçal -minoridade- com que se apresentava ante os demais. Para salvaguardar a humildade do grupo foi que o santo substituiu em seguida o nome de Pobres pelo de Frades, como refere o mesmo Buscardo de Ursperg ao descrever seu estilo de vida; "Estes -os menores- ao contrário daqueles (os pobres lombardos): andavam realmente descalços, tanto no verão como no inverno, e não recebiam dinheiro nem outras coisas, salvo o alimento ou, todo o mais, a roupa necessária, se alguém lhes desse espontaneamente, pois nada pediam a ninguém. Eles mesmos, andando no mundo, ao se dar conta de que as vezes a fama de muita humildade pode levar a vanglória e de envaidecer-se diante de Deus por motivo de pobreza, como ocorre com muitos, preferiram chamar-se Frades Menores, em vez de Pobres Menores, submetidos totalmente à Sé apostólica". AoSubmeter-se totalmente à Sé apostólica, Francisco impediu que sua Ordem tropeçasse na mesma pedra que outros contemporâneos seus, caindo na arrogância e na vanglória. Não aconteceu isso por graça de Deus e porque o bispo de Assis Guido I teve suficiente sabedoria desde o princípio para evitar esse desastre. O mesmo Santo se mostrava agradecido, quando dizia aos seus irmãos: "O Senhor nos enviou para propagar a sua fé e dos prelados e clérigos de nossa Santa Mãe Igreja. Por isso, devemos, na medida do possível, amá-los sempre e honrá-los e respeitá-los. Os irmãos se chamem Menores porque, como no nome, também sejam humildes pela conduta e exemplo com todos os homens deste mundo. Porque no princípio de minha conversão, quando me separei de meu pai carnal e do mundo, o Senhor pôs suas palavras na boca do bispo de Assis para dar-me conselho e ânimo no serviço de Cristo. Por essa razão e por outras muitas qualidades eminentes que aprecio nos prelados, quero amá-los, venerá-los e tê-los como meus senhores; e não somente aos bispos, mas também aos sacerdotes pobrezinhos". Como diziam seus companheiros, Francisco, com a ajuda de Deus e como sábio arquiteto, se fundamentou a si mesmo e a sua Ordem sobre a rocha firme, quer dizer, sobre a altíssima pobreza e humildade do Filho de Deus, chamando-a "Religião dos Frades Menores".Muito se tem escrito sobre a eleição desse título, mas tem que se descartar absolutamente que tivesse que ver com uma opção de classes. sábado, 19 de setembro de 2009
A vocação franciscana - parte II: Assim eram chamados: penitentes de Assis
Estamos às vésperas da solenidade de morte do nosso seráfico pai São Francisco. Neste ano esta solenidade se dará de modo todo especial, pois estamos comemorando os oitocentos anos do nascimento da Ordem Franciscana ou carisma franciscano. Para evitar todo e qualquer anacronismo é necessário voltar ao princípio deste acontecimento.
Não podemos pensar que frei Francisco no começo criou uma “ordem” tal qual conhecemos hoje, até porque o seu desejo primeiro era “começar a fazer penitência”. E isto ele o fez até o último suspiro que Deus lhe concedeu na “terra dos homens”. Começar a fazer penitência é indubitavelmente a condição da possibilidade para entendermos o caminhar nascedouro da vida de Francisco e conseqüentemente o resultado da sua conversão.
Sendo assim, Francisco e os seus companheiros eram conhecidos e definidos como os penitentes de Assis. É sabido que anteriormente a Francisco já existiam grupos ou movimentos que se denominavam penitentes; isto porque é saudade da nossa alma buscar Deus e para chegar a Ele é necessário fazer penitência. Aqui entendida como concreção de um encontro com Cristo e não como um fardo duplamente pesado. É neste espírito que Francisco inicia sua trajetória, a partir da alocução do crucificado: “Francisco vai e restaura minha Igreja, que em ruínas cai”.
Toda e qualquer penitência indica mudanças, na linguagem religiosa – conversão. Todo processo de conversão é exteriorizado, isto é, colocado em miúdos aquilo que foi significativo para uma mudança de vida. É nesta direção que Francisco se encontra no começo. O ideal evangélico o atraiu de tal forma que ele quis viver de um modo todo especial, a modo de pobre: uma túnica, bastão, cinto, sacola, sandálias, etc, são substituídos por apenas um saco de pano surrado, descalço e o cordão na cintura como cinto, esse era o seu traje de festa. Essa mudança interior e exterior atrai outras pessoas para si: assim vieram os primeiros companheiros de Francisco. Assim começou a formar “os penitentes de Assis” que algum tempo mais tarde serão chamados de irmãos menores, a exemplo de Jesus Cristo que também se fez irmão menor para a salvação de todos.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Dia da impressão dos Estigmas em São Francisco
Celebramos hoje o dia da impressão das chagas do Crucificado em Francisco. Isso aconteceu no Monte Alverne, quando ele se retirou para a celebração da quaresma de São Miguel Arcanjo. Depois de profundos momentos de oração Francisco recebeu a resposta do Senhor para a participação nas dores de Jesus.quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Desafio: ARRISCAR
Na história humana cada pessoa, na configuração existencial na qual se encontra, tem o dever de viver construindo sentindo e descobrindo sentido.Se assim não o fosse dificilmente conseguiríamos construir a história e nos encontrar todos aqui onde estamos.
É fato real que se não vivemos a vida cobrando sentindo para tudo, um dia, a qualquer momento, sem esperar, a própria vida cobrará de nós... Essa afirmação não é gratuita assim. A depressão, não acontece devido a este fator? Uma hipótese que pode ser até mesmo perigosa e simplória demais.
Ainda, a estabilização (estagnação existencial) e a segurança exagerada são fatores que se despontam arriscados. Como isso? Sim, quem não arrisca na vida, ainda que por períodos de intervalos longos, não conhece o sabor da vitória e nem amargo da derrota, este tão fundamental para o amadurecimento. Se isso não houver, um dia a vida vai cobrar...
Os fracassos possíveis da iniciativa de quem tenta são reais. Mas, não podem amendrontar! Têm que se nos afigurar como momentos de encontro com o desafio essencial, o de viver. Quem pouco erra é sinal de que pouco está se arriscando.
É fato real que existe quem tenha determinados tipos de personalidade que não possibilitam isso, mas o mínimo de tempero deve existir em qualquer refeição, caso contrário fica difícil descer e até digerir o alimento.
sábado, 12 de setembro de 2009
Aprender do sofrimento
Por Leonardo BoffO amor fati (o amor à realidade crua e nua) dos antigos e retomado por Freud se impõe nos dias atuais em que a humanidade se vê assolada por grave crise de sentido, subjacente à crise econômico-financeira. Devemos reaprender a amar de forma desinteressada e incondicional a Terra, todos os seres, especialmente os humanos, os que sofrem, respeitá-los em sua diferença e em suas limitações. O amor é uma força cósmica que “move o céu e as estrelas” no dizer de Dante. Só quem ama, transforma e cria.
Os grandes se reúnem, estão confusos e não sabem exatamente o que fazer. É que amam mais o dinheiro que a vida. Se amor houvesse, aprovariam o que está sendo proposto: uma “Declaração Universal do Bem Comum da Humanidade”, base para uma “Nova Ordem Global e Multilateral” contemplando toda a humanidade, a Terra incluída. Mas não. Perplexos, preferem repetir fundamentalmente, as fórmulas que não deram certo. Caberia, entretanto, perguntar: que capacidade possuem 20 governos de decidir em nome de 172? Onde estão os títulos de sua legitimidade? Apenas porque são os mais fortes?
Mesmo assim vejo que se podem tirar algumas lições, úteis para as próximas crises que estão se anunciando.
A primeira dela é que os governantes, para além de suas diferenças, podem se unir face a um perigo global. Mesmo que suas soluções não representem uma saída sustentável da crise, o fato de estarem juntos é significativo, pois dentro de pouco enfrentaremos uma crise muito pior: da insustentabilidade da Terra e dos efeitos perversos do aquecimento global. Este trará consigo a crise da água e da insegurança alimentar de milhões e milhões de pessoas. Tal situação forçará uma união dos povos e dos governos, maior do que essa dos G-20 em Londres, caso queiram sobreviver. Se grande será o perigo, maior será a chance de salvação, dizia um poeta alemão, mas desde que ocorra esta união. A solução virá somente de uma política mundial assentada na cooperação, na solidariedade, na responsabilidade global e no cuidado para com a Terra viva.
A segunda lição é que não podemos mais prolongar o fundamentalismo do mercado, o pensamento único que arrogantemente anunciava não haver alternativas à ordem vigente, como se a história tivesse sido engessada a seu favor e destruído o princípio esperança. Nem podemos mais confiar na mera razão funcional, desvinculada da razão sensível e cordial, base do mundo das excelências e dos valores infinitos (Milton Santos, nosso grande geógrafo) como o amor, a cooperação, o respeito, a justiça e outros. Desta vez, ou elaboramos uma alternativa, vale dizer, um novo paradigma civilizatório, com outro modo de produção, respeitador dos ritmos da natureza e um novo padrão de consumo solidário e frugal ou então teremos que aceitar o risco do desaparecimento de nossa espécie e de uma grave lesão da biosfera. A Terra pode continuar sem nós. Nós não podemos viver sem a Terra.
A terceira lição é constatar que a economia, feita eixo estruturador de toda a vida social, se torna hostil à vida e ao desenvolvimento integral dos povos. Ela deve ser reconduzida à sua verdadeira natureza, a de garantir a base material para a vida e para a sociedade.
Vivemos tempos de grandes decisões que representam rupturas instauradores do novo. Bem notava Keynes:”a dificuldade não estriba tanto na formulação de novas idéias mas no sacudir as velhas”. As velhas se desmoralizaram. Só nos resta confiar nas novas. Nelas está um futuro melhor.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Um grito contra a crise e a exclusão
Embalados pelo entusiasmo da Campanha da Fraternidade de 1995 que voltava seu tema para a questão do excluídos, os envolvidos na campanha, realizaram, sem imaginar que criariam tradição, o 1° do que viria a ser uma série de Grito dos Excluídos. Atualmente, o Grito tomou dimensões maiores e, agora, acontece em vários Continentes no dia 12 de outubro. quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Bíblia – Sagrada Escritura – Palavra de Deus
Entretanto, este conjunto de livros não possuem sentido porque são conjunto de livros (Bíblia) ou ainda porque são sagrados simplesmente. O sentido mais profundo e sua finalidade última está contida na sua concepção de Palavra de Deus. Outro não é e não pode ser nosso relacionamento com este conjunto de livros sagrados.
Não é difícil encontrarmos motivações precipitadas de relacionamento com a Palavra de Deus simplesmente como um livro de receitas, e estas receitas morais de como se deve agradar a Deus, ou como as pessoas devem se comportar, ou qualquer outra aberração do gênero. Diferente de outras religiões (isso não é crítica comparativa), a religião cristã não é religião do Livro, ou seja, com princípios religiosos advindos das letras de um livro, mas nós nos constituímos a religião da experiência de Deus.
Isso significa que nosso sentido de vida não está no simples decorar de versículos e capítulos dos livros sagrados, mas nosso anseio está em saber quem é Deus, onde ele está. Este relacionamento Jesus nos ensinou a cultivar, corrigindo a concepção de Deus daquele seu tempo: esse nome que não podemos (os judeus) sequer pronunciar é o Abbá. Ou seja, afirmar essa expressão quer dizer um profundíssimo estado de relacionamento íntimo. Essa expressão, Abbá, só podia se dizer no interior das casas, no seio do meio familiar.Para nós, a hermenêutica da expressão paulina “a letra mata o espírito vivifica” (2 Cor 3, 6) vai justamente nesta direção, não somente da espiritualidade da passagem, mas da penetração vivencial que cultivamos com a Palavra de Deus. Estes escritos existem porque outras pessoas de outros tempos em outros contextos também cultivaram um tipo de relacionamento com Deus que os induziu a tal feito escriturário. Estas letras permanecerão pelos tempos afins enquanto existir um ser humano vivo na face da Terra, porque estas palavras atingiram-nos na nossa essência profunda, quero dizer, atingiram-nos porque são escritos que falam para seres humanos que é o mesmo desde o primeiro até o último ser existente, independente de sua cultura ou nacionalidade. Melhor dizendo, qualquer humano se angustia, se alegra, sofre, ri, chora, tem anseios e desejos e sonhos, tem medo e se arrisca, deseja conhecer o mais profundo da realidade... É nesse “entreveio” que a Palavra de Deus se insere.
MDT
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Deus, Onde estás?
Assim, é a Bíblia. Tem de tudo: fotografias oficiais e formais, e fotografias descontraídas de episódios insignificantes que nem data têm mais. Algumas delas foram feitas para fins de documentação, a outras só resta a finalidade de arrancar um sorriso de quem as olha. É o fiel retrato de um povo, conservado numa desordem organizada, naquelas páginas antigas, que os filhos e os netos vão folheando, para são e criar , assim, uma consciência de sua pertença a esse povo._______________________
MESTERS, Carlos. Deus, onde estás? Curso de Bíblia. Belo Horizonte: Editora Veja. p. 1-2. 1972
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
A vocação franciscana – parte 1
De início, de modo simples tentarei falar sobre nossa vocação a partir do nosso nome, depois vamos aprofundando ao longo das semanas seguintes até chegarmos em outubro, o mês de São Francisco. Este artigo tem a intenção de encerrar o mês vocacional. O próprio nome da Ordem dada por São Francisco já diz sobre o específico da vocação franciscana: Ordem dos Frades Menores (Conventuais, Capuchinhos ou Observantes[1]).A Ordem franciscana nasce no seio da Igreja e por isso é designada com o denominativo de Ordem. Toda Ordem o é assim chamada como fator preponderante para seu desempenho eclesial, ou seja, mais do que tudo esse grupo é possuidor de encargo que lhe advém, e por isso não fala, não e não é em seu próprio nome.
Essa Ordem existe para que seus membros sejam irmãos e vivam como irmãos, isto é, como frades. O pai Francisco compreendeu que tudo o que existe, existe porque vem das mãos de Deus. E essa experiência dele configurou toda a sua visão da Ordem e uma mundivisão: nada do que existe não pode não ser nosso irmão ou irmã, todas as criaturas. De Francisco a Ordem dos Frades não pode deixar também de fazer as pessoas entenderem que são envolvidas no todo da Teia da Vida. Somos parte uns dos outros e do todo. O profundo senso de pobreza e humildade a qual a Ordem está incumbida de zelar a partir de Francisco tem como pano de fundo este entendimento de fraternidade e sororidade que nos envolve.
E assim, desenvolvemos o senso de minoridade. No contexto da vivência social de Francisco existia a separação, não muito diferente de hoje, dos maiores ricos e dos pobres menores. Francisco leva em consideração esse fator, e assume como identidade dessa Ordem de frades o ser menor, o estar entre os pobres, o SER pobre, acima de tudo. Ser menor na vida franciscana é condição de vida, estado psicológico, disposição existencial, opção de vida, chamado de Deus, escolha pessoal.
A vocação franciscana se configura a partir de outros âmbitos, mas possuem desdobramentos a partir desses vieses já citados. Antes mesmo da Ordem possuir este nome éramos denominados de os “Penitentes de Assis”, outro fator preponderante da constituição da vocação franciscana.
_______________________
[1] Os Observantes normalmente são designados somente com a sigla OFM, mas historicamente podemos chamá-los carinhosamente de Leoninos, devido no dia 04 de outubro 1897 ter havido por parte do Papa Leão XIII, pela bula Felicitate Quadam, a junção das diversas vertentes que haviam se separado dos Frades Menores da Regular Observância (1517) numa única Ordem simpliciter dicti.
domingo, 30 de agosto de 2009
A relacionalidade implicada da vocação
A vocação, mais do que tudo que possa ser teorizado, é o grande dom doado por Deus a todas as pessoas. Mas, na sua configuração essencial, a pessoa é vocacionada a uma vida de relação, consigo mesma, com outro, com Deus e com o cosmo.Interessante a teoria astrofísica que afirma da relacionalidade biológica. Aplicá-la a noção de vocação não é de todo precipitado. Vejamos o que afirma o jesuíta William Stoeger: “Para que ocorra a evolução biológica, pressupõe-se toda a física e a química, bem como as capacidades auto-organizadoras que fluem desses aspectos fundamentais da natureza. Elas implicam, em cada nível, relações importantes que possibilitam que sistemas novos e mais complexos surjam a partir de sistemas mais fundamentais.”[1]
Da capacidade de organização que a vida cósmica possui conseguimos compreender o milagre da estruturação de todos os sistemas estabelecidos no planeta e no universo. No nível vocacional vemos acontecer algo semelhante, mas nada acontecendo de modo espontâneo. Se, para que ocorra a evolução biológica seja necessário a física e a química e sua auto-organização básica, no chamado divino está implicado o desejo humano da realização da vontade de Deus e do desprendimento de todas as possibilidades de negação do chamado em anseios totalmente (ou somente) particulares[2]. Esse é pressuposto fundamental da vocação divina[3] sem o qual não se maximiza a experiência de Deus como serviço a humanidade.
Portanto, se a pessoa é vocacionada a relação, podemos afirmar que o chamado de Deus não constitui propriedade particular, mas o é de Deus e assim, de todas as pessoas. Isso nos faz compreender que somos seres essencialmente criados para o serviço.
[1] http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=25290
[2] Não se pode negar de modo algum que, na dimensão da vocação, existe o fator dos projetos pessoais imbricados. Se negássemos isso estaríamos desprovindo o próprio ser humano de seus anseios particulares. Mas quando falamos de vocação temos que colocar como pressuposto essencial que nossos projetos nem sempre correspondem com a realidade tendo que ser acrisolados na fôrma da experiência vivencial.
[3] Vocação divina é a mesma coisa que chamado de Deus considerando a resposta humana implicada na liberdade do chamado.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
UMA FORMA SOCIAL SOLIDÁRIA DE PRODUÇÃO?
Escrito por Luiz Inácio Gaigerquinta-feira, 27 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
A coragem de uma pessoa justa
Apóio o Senador Eduardo Suplicy, um dos poucos políticos dignos de respeito neste País e estou profundamente irritado, enrraivecido da chacota que estão fazendo de sua atitude em apresentar o cartão vermelho ao Senador José Sarney.terça-feira, 25 de agosto de 2009
A verdade no mundo factual
Nunca será uma tarefa fácil ver o extraordinário na facticidade da nossa existência, mas fugir dela não é certamente o melhor caminho. O ser humano é contingencial e o seu mundo factual também o é. E nestas relações contingenciais, encontramos as respostas mais significativas para a vida. Diz a canção: “fugir da dor é uma loucura, fugir da dor é fugir da própria cura” – ou ainda – “as idéias estão no chão você tropeça e acha a solução”.
Solução aqui não podemos entendê-la como um resultado final de uma experimentação científica, pelo contrário, é uma pequena flecha que aponta uma possível direção segura, a qual nos permitirá saber, um pouco mais, daquilo que nos provoca espanto. O poeta, o filósofo, o crente, o cientista, o político, o líder, o libertário... estão unidos num único ponto essencial, a saber, a verdade, ou pelo menos deveriam estar, mas acredito que estejam, porque, do contrário, não seriam o que são.
Aqui verdade não é uma solução, nem parte dela, é, porem, algo anterior a todos os nossos questionamentos; ela é a casa do ser humano. Somente quem habita na verdade se liberta, diz Jesus. Sendo assim, nos perguntamos: de que forma Jesus Cristo é a verdade, o caminho e a vida? A resposta somente pode ser a mais óbvia, porque não podemos pensar o caminho, a verdade e a vida fora dele. Tudo tem o seu sentido na pessoa de Jesus. Tudo converge para ele. Neste Jesus não encontramos uma ideia mirabolante, mas o que existe de mais real.
Para entendermos isto é necessário que tenhamos um encontro com Jesus de Nazaré. A partir deste encontro perceberemos a importância do mundo factual. Mundo factual e verdade se encontram sem confusão e sem divisão. Esta casa do ser humano é a condução para a casa definitiva. Somente compreendendo o nosso mundo factual saborearemos a casa definitiva.
Imaginemos uma pessoa que procura uma agulha num quarto escuro. A única certeza que ela tem é que a agulha está no quarto. Porém, a escuridão, isto é, aquilo que não está evidente, atrapalha o encontro com a agulha. Imediatamente um raio ilumina o quarto e desaparece, a pessoa passa a ver aonde está a agulha; com o retorno do raio a escuridão continua, mas agora aquela pessoa sabe mais exatamente em que lugar do quarto o seu objeto se encontra. Jesus é este raio. O quarto é o nosso mundo factual. A agulha é o que de mais precioso devemos buscar para tê-lo conosco sempre. Pensar e agir assim cria uma nova ética, uma nova política, inaugura um novo jeito de ser religioso... traz já a terra prometida para o nosso meio, construindo assim uma sociedade mais justa e fraterna. Porque a verdade liberta.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Sob o poder de um novo deus
A reportagem é de José Castello e publicada pelo jornal Valor, 14-08-2009.O economista e filósofo escocês Adam Smith (1723-1790) foi o primeiro a falar a respeito de uma "mão invisível" que levaria o mercador ou negociante a, mesmo sem decidir isso, "fazer o bem". Afirma Dufour: "A expressão que emprego - o divino mercado - não é uma metáfora, ela deve ser entendida literalmente: está postulado que existe uma religião natural". De acordo com ela, não é preciso ceder à santidade; basta deixar agir o interesse privado.
Por que um filósofo se interessa pelo estudo da sociedade ultraliberal contemporânea? O motivo é simples: no seu entender, o salto do liberalismo clássico para a sociedade ultraliberal produziu, além de mudanças radicais na realidade econômica e social, uma drástica alteração na noção de sujeito. Ela mudou os parâmetros a partir dos quais o sujeito se constitui.
"As mudanças na economia mercantil não são tão inócuas para a economia psíquica", diz Dufour. Mudou a economia, mudou o sujeito que nela se movimenta. O antigo sujeito que chegava aos consultórios de psicanálise era, em geral, um indivíduo "crítico e neurótico", isto é, guiado pelo desejo de compreender e pela retenção de suas pulsões. Problemas que levava para seu analista.
Afirma Dufour: "O novo sujeito que hoje se apresenta é acrítico e pós-neurótico". Compreender não lhe interessa mais, é algo que, antes disso, o entedia. O mercado promete atender a cada um de seus apetites - logo, em vez de reter as pulsões, ele as "resolve" com o vício, o mais frequente deles por drogas. Esse novo sujeito, acrescenta Dufour, "é levado a adotar condutas perversas (instrumentação do outro em função de seus gozos e interesses pessoais)". E, consequência final, "se ele não consegue fazer isso, ele se deprime, o que acontece frequentemente".
Drogas, perversão, depressão - marcas de um novo sujeito, figura típica de um mundo onde os padrões de regulação social se enfraqueceram ou desapareceram. Cenário despedaçado, nos sugere Dufour, que levou à grave crise financeira de hoje. O novo sujeito, além de tudo, habita um presente contínuo e imóvel. Argumenta Dufour que a nova religião do mercado "deixa um vazio quanto ao velho tormento humano da origem e do fim".Na nova vida ultrapragmática de hoje - extremo paradoxo - há um aumento da necessidade de transcendência. Essa necessidade, alerta o filósofo, "pode permanecer dentro dos limites do razoável, mas pode ir até os delírios fundamentalistas". Não é por acaso, portanto, que o fundamentalismo de vários matizes se espalha pelo planeta; sua disseminação é o avesso de um vazio que a nova realidade do mercado acentua. É o vazio criado pelo deus mercado que exacerba a onda fundamentalista. Ela não passa de sua contrapartida. Assim como a ascensão dos dogmas é o avesso do desprestígio do pensamento crítico.
domingo, 23 de agosto de 2009
Deus e a cultura moderna - parte 2
Porém, de acordo com a capacidade de integração e inculturação que caracterizou a comunidade dos primeiros cristão, as religiões e o catolicismo de modo especial se procurasse entender a “modernidade unicamente como empecilho à revelação, isto suporia, no fundo, uma interpretação, maquinação da história, como se pudesse haver um tempo histórico de reino do mal. As idades antiga ou medieval seriam tempos de graça e a idade moderna de pecado.”[5] E na verdade, não é isso o que acontece. Como sempre dizemos, “os tempos mudaram” e as religiões precisam aprender que respostas devem ser dadas a todos os homens. O cristianismo, de modo especial, ao apresentar Deus aos modernos necessita de um novo impulso no ânimo para tal empresa. Apenas não se pode, como o fazem aqueles de outras denominações, se utilizar dos meios e discursos econômicos para subornar e causar dependência no povo pela realidade das pessoas que não utilizam da reflexão para saber discernir a verdadeira fé, ou melhor, para seguir de modo conciso uma fé sincera sem ideologias de dominação e escravização rebuscados de tratamentos de uma oratória sem um princípio ético digno.
Contudo, fato evidente aos olhos da era moderna, para além do fenômeno que observamos linhas atrás é o ateísmo conseqüente. Podemos constatar que o ateísmo é fato generalizado. “A primeira vista, nosso mundo aparece como ateu em sua globalidade, de forma que pode dizer-se que o ateísmo é um fenômeno massivo característico de nosso tempo.”[6] É a conseqüência evidente de um período que se entregou à reflexão existencial que possibilitava a hipótese da não existência de Deus e da vida do homem sem ele, não admitindo outra realidade que não seja a fáctica. O que se ventila nas diversas modalidades de reflexão é a busca da compreensão do homem a partir de si mesmo e por si mesmo. A questão da autonomia da reflexão do homem em relação a Deus é fator que existe na realidade contemporânea que não se pode deixar de lado. Na atualidade existe o forte apelo a autonomia, a uma compreensão da liberdade bem específica, a independência financeira ao direito individual, a privacidade. Confirma Juan Lucas: “Trata-se de uma nova forma de humanismo que impulsiona à humanidade até a sua maioridade, rechaçando toda dependência e aspirando a uma autonomia completa do destino.”[7]






