sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O amor é força criativa

Frei Maximiliano Maria Kolbe, franciscano conventual da Polônia, prisioneiro na Segunda Grande Guerra Mundial, no campo de concentração de Auschwitz, foi o sinal do amor no inferno de ódio. Costumamos chamá-lo, com o papa João Paulo II, de “o padroeiro deste século difícil”. Franciscano atual por seu empenho na evangelização, utilizava dos melhores maquinários de imprensa de seu tempo para a difusão da devoção à Imaculada, enquanto para si dividia um sapato com outro confrade: “Consagrar o mundo inteiro a Cristo pela Imaculada”, é hoje o tema inspirador de pessoas dos meios de comunicação, que no Brasil também encontraram inspiração em Maximiliano para anunciar o Evangelho.
Quando estava preso no campo de concentração, todos se impressionavam com a presença de espírito de Kolbe comunicando esperança e a presença de Deus que parecia esquecido. Enquanto os mais desesperados pensavam somente em “cada um por si”, este frei queria partilhar do pouco alimento que ganhavam, sendo certas vezes obrigado por outros a se alimentar.
A troca que Kolbe propôs, quando do preso que havia fugido e um pai de família havia sido condenado à morte no lugar daquele, foi o desfecho de um trabalho interior de “quando o indivíduo joga tudo fora pela pérola de maior preço e se torna um com Deus, então – como grande rio silencioso oculto sob o fio d’água visível no leito de areia – sob as preocupações reais e os cuidados de cada dia, como disse o próprio Kolbe, há paz e alegria inexprimíveis.”[1] E todos se sentem também dentro do mesmo espírito.
Ele ensinava para seus confrades: “Deus é amor e, como o resultado deve ter semelhança com a causa, tudo que foi criado vive de amor. Não só ao buscar nosso último fim, mas também em toda ação e todo momento do dia, a principal força motivadora deve ser – o amor”.[2] O contrário do amor não é somente o ódio mas a indiferença que, como afirmou Kolbe, “é em nossos tempos uma doença quase epidêmica, que se propaga de diversas formas.”[3] Quando em 1941, no dia 14 de agosto, Maximiliano, após duas semanas no bunker da fome, ainda vivo, recebe uma injeção letal de ácido fênico e é incinerado inesperadamente no dia da festa da Assunção de Maria, constatamos o verdadeiro sentido da vida cristã: dar a vida gratuitamente em serviço do humano, especialmente onde a injustiça é a força motivadora. Em uma de suas meditações, no dia 31 de dezembro de 1917, escreve: “Ama! Isso é tudo.”[4] Ainda, em outra meditação do dia 4 de fevereiro de 1918 afirma que “o maior inimigo do amor de Deus é o amor próprio”[5], ou seja, a referência do amor não somos nós, mas o amor como deve ser vivido em Cristo. Por isso, rezemos ao nosso irmão:

“São Maximiliano Kolbe, cavaleiro da Imaculada, apóstolo do bem e da paz neste século difícil, verdadeiro frade menor, lembrai-vos que não há maior amor do que a vida pelos irmãos.”

Muito poderia ser escrito sobre São Maximiliano, mas fiquemos com esse pouco.
____________________________
[1] TREECE, Patrícia. Maximiliano, o santo de Auchwitz: testemunhos daqueles que o conheceram. Santo André: Edições da Imaculada. p. 152. 1996
[2] Id. Ibidem. p. 162.
[3] Ofício das Leituras, Próprio da Família Franciscana do Brasil. Petrópolis: Vozes/FFB. p. 225. 1999
[4] Centro Internazionale Milizia dell’Immacolata, Escritos de San Maximiliano M. Kolbe. Roma. p. 1638. 2003
[5] Id. Ibidem. p. 1639

Nenhum comentário:

Postar um comentário